*Por
Beatriz Medeiros Schweitzer
A Administração Pública
brasileira enfrenta demandas crescentes em termos de transparência,
accountability e aprofundamento da participação social nos processos
decisórios. Em um país com desafios complexos em relação à cultura política, Estado cada e cidadãos precisam relacionar-se cada vez mais, de diversas maneiras.
Recentemente, a organização não-governamental Transparência Brasil, analisando os
gastos com parlamentares, chamou atenção para os estados e capitais mais pobres do país que gastam mais com
deputados estaduais e vereadores do que os mais ricos. A ONG mostra verbas
indenizatórias astronômicas e sem controle pagas a vereadores, sendo que essas verbas
não fazem parte do salário, devendo ser usadas para gastos do gabinete.
Como exemplo, enquanto em Florianópolis um vereador recebe R$ 2.300 de verba indenizatória,
em Cuiabá, cada vereador recebe R$ 25 mil, o valor mais alto do
Brasil.
O trabalho de uma organização como essa é muito importante para o processo de accountability. Mais transparência sobre a utilização do dinheiro público tende a gerar mais informação para os cidadãos, permitir análises e comparações, incentivar a participação social e aumentar a demanda por respostas e explicações. Os governantes serão obrigados a oferecer uma resposta, sendo mais responsivos, o que gerará uma consequência pelos administradores públicos. É o que se pode esperar no exemplo do controle das verbas indenizatórias. Assim, teremos um ciclo no qual a mudança de postura será evidente, com mais transparência, e participação social.
A
ONG Transparência Brasil é composta por um conselho deliberativo, um conselho
fiscal e uma equipe executiva. Com seu trabalho, busca contribuir para a integridade do poder público,
principalmente por meio do aumento da informação disponível à sociedade. A organização divide seu trabalho em duas áreas: monitoramento e advocacy.
O primeiro diz respeito ao processamento e análise de dados públicos brutos e sua tradução em informação
útil para o cidadão. Ele é realizado por meio das seguintes atividades:
- Criação de instrumentos na Internet para propiciar o monitoramento do fenômeno da corrupção.
- Produção de relatórios, estudos e levantamentos empíricos sobre a incidência do problema da corrupção em diferentes instituições, esferas e níveis de governos.
O segundo diz respeito ao fomento do debate público
sobre temas relevantes envolvendo corrupção e integridade das instituições.
Essa parte do trabalho é realizada por meio do engajamento nas seguintes
atividades:
- Participação dos conselhos de Transparência da Controladoria Geral da União, do Senado Federal e do governo do Estado de São Paulo.
- Colaboração na mídia, por meio de entrevistas, levantamentos exclusivos ou artigos.
Para conhecer mais sobre o trabalho da
Transparência Brasil acesse: http://www.transparencia.org.br/home
* Texto elaborado por Beatriz Medeiros
Schweitzer, estudante de Administração Pública da Universidade do Estado de
Santa Catarina, Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas -
Udesc/Esag, no contexto da disciplina Sistemas de Accountability.
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