* Texto elaborado por Denise Regina Struecker, Gabriel Felício Moresco, Kiara Maria Urnau e Marcelo Brognoli da Costa
A partir de dados epidemiológicos da população de
Florianópolis que demonstravam o alto índice de doenças ligadas à má qualidade
da alimentação, a Secretaria Municipal de Saúde do Município verificou a
necessidade de atuar em prol da alimentação saudável, em especial no acesso da
população de baixa renda a produtos não processados.
Uma das causas identificadas do problema foi a falta de
incentivo à agricultura urbana, o que levou à idealização de uma rede voltada
para o tema. Considera-se agricultura urbana aquela praticada no interior ou na
periferia de uma localidade, onde se cultiva, cria, produz, processa e
distribui produtos alimentares e não alimentares, utilizando recursos humanos,
materiais, produtos e serviços encontrados dentro e em torno da área urbana
(MOUGEOT, 2005).
A primeira reunião voltada para a criação da rede
realizou-se no mês de fevereiro de 2015, sendo que no decorrer do ano novos
encontros ocorreram e foram identificados atores da sociedade civil que já
atuavam na área para engajarem-se na coprodução. Um dos principais parceiros, a CEPAGRO, por
exemplo, presta assessoria a onze grupos que praticam agricultura urbana no
município e região.
Em reunião especificamente voltada para definição da missão
e visão da rede, realizada no dia 05 de agosto de 2015, foi acordado que sua
missão consiste em “semear a agroecologia para colher uma cidade sustentável”. No
decorrer do ano outras reuniões se sucederam, voltadas à definição da visão,
dos princípios norteadores da rede e do código de conduta dos atores que
integrarão a Rede de Agricultura Urbana de Florianópolis, trabalhos ainda não
finalizados. O lançamento oficial da rede está programado pra ocorrer no mês de
novembro de 2015, na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina.
Os benefícios da agricultura urbana vão muito além do aspecto da qualidade na alimentação. A leitura de artigos e as práticas relatadas demonstram que os impactos também são sentidos na economia doméstica, no estímulo aos vínculos sociais, na educação ambiental, na melhoria da qualidade de vida, no aumento da autoestima, na redução de problemas psíquicos, na redução e tratamento de resíduos e na revitalização de áreas abandonadas.
Na construção da rede está se identificando diversas iniciativas no Município de Florianópolis já em curso e afeitos à sua missão, muitas com sucesso, idealizadas e promovidas por cidadãos e organizações da sociedade civil atuantes na área. Citam-se, como exemplos, os projetos Revolução dos Baldinhos e Frutificar. Assim, tendo em vista que os atuais e potenciais parceiros não governamentais da rede já estão envolvidos no desenvolvimento de atividades afins à agricultura urbana, o principal papel da rede passa a ser a articulação dos atores e a união de esforços - a coprodução.
Trata-se, portanto, de uma rede de ação, que tem por
objetivo o fomento à agricultura urbana, como forma de alcançar os seus
múltiplos benefícios. Apesar de estar voltada a toda sociedade, a rede elegeu
como recorte prioritário a população mais vulnerável, sendo que o projeto
inicial está sendo desenvolvido junto à comunidade do Monte Cristo.
A Rede Floripa de Agricultura Urbana vem sendo construída pelos parceiros, norteados pela
congruência de objetivos. Não há dependência de recursos públicos, o que de
certa forma fortalece as diretrizes escolhidas pela Rede. A tomada de decisões
é feita de forma consensual, com a liderança sendo compartilhada entre os
membros, de acordo com as atividades que estão sendo desenvolvidas. Outra
característica destacada é a presença de atores fortemente identificados com a
causa, que colocam sua experiência à disposição da Rede e ajudam a construir
soluções coletivas.
Referências:
MOUGEOT, LUC J. A. Agricultura Urbana - conceito
e definição. Revista de Agricultura Urbana nº 1 - Conceito e definições, 2005.
Disponível em: http://www.ruaf.org/sites/default/files/AU1conceito.pdf. Acesso:
30 de outubro de 2015.
Para saber mais sobre os exemplos, consulte:
Hortas Comunitárias em Maringá: https://www.youtube.com/watch?v=5Gels5f53mc e https://www.youtube.com/watch?v=ZZsjpEkmjJE
Projeto Revolução dos Baldinhos (Monte Cristo): https://www.youtube.com/watch?v=XYhg_PG39j4&list=PLvlGiMRzkp5fg5Sv8Og5y7RlFWal3gNEO&index=12
Cepagro: https://cepagroagroecologia.wordpress.com/agricultura-urbana/revolucao-dos-baldinhos/
Projeto Frutificar (Florianópolis): http://redeglobo.globo.com/como-sera/videos/t/edicoes/v/expedicoes-urbanas-renato-cunha-conhece-o-projeto-frutificar/4345186/ ou http://glo.bo/1CWAF0E
* Texto elaborado por:
Denise Regina Struecker:
Bacharel em Direito, Especialista em Auditoria Governamental e mestranda em
Administração na Udesc/Esag. Atualmente é auditora fiscal de controle externo
do TCE/SC.
Gabriel Felício Moresco: Bacharel
em Administração e mestrando em Administração na Udesc/Esag.
Kiara Maria Urnau: Bacharel
em Administração, Pós-Graduada em MBA em Gestão de Pessoas e mestranda em
Administração na Udesc/Esag no caráter de aluna especial.
Marcelo Brognoli da Costa:
Bacharel em Direito, Especialista em Direito e mestrando em Administração na
Udesc/Esag. Atualmente é auditor fiscal de controle externo do TCE/SC.
** Este texto foi
desenvolvido no âmbito da disciplina Governança e Redes de Coprodução do Bem Público,
ministrada pela Profa. Paula Chies Schommer, no Mestrado Profissional em
Administração da Udesc/Esag.
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