Por Camila Herzmann Corrêa e Ricardo Marques Duarte*
Em ano de
eleições, muitas questões polêmicas vêm à tona, uma delas é bastante enfática e
gera muita discussão: só tem condições de se eleger aquele candidato que tiver
mais dinheiro para investir em sua campanha? E junto a essa vem outra pergunta:
de onde provém boa parte dos recursos aplicados em campanhas eleitorais?
De fato, a
questão é problemática e causa efeitos, sobretudo, quando se relatam episódios
de caixa dois – o que, lastimavelmente, em muitos casos, torna-se notícia depois
que o candidato já se elegeu.
O “jeito” como se
faz campanha eleitoral no Brasil externaliza muito da contradição entre o
moderno e o arcaico, entre práticas responsáveis e aquelas não tão éticas e
confiáveis. Em um mesmo contexto de democratização e avanços, há divergências
na prática do processo eleitoral. Movimentos sociais, ONGs ligadas à
transparência, uma imprensa mais atuante e a disseminação no uso de redes
sociais, fazem parte de um processo de mudança que institui novos valores
democráticos, trazendo à tona aspectos de responsabilização, compromisso e
prestação de contas daqueles que querem atuar na república perante os cidadãos.
O fato é que
ainda se percebe atuações arcaicas/ultrapassadas e desconexas com os princípios
de responsabilidade, compromisso e transparência já na fase de campanha, quando
muitos candidatos não declaram a procedência de seus recursos, demonstrando
descompromisso com seus eleitores.
É possível fazer
campanhas eleitorais de forma transparente e sem se apoiar em financiamentos
privados e favoritismos. É possível, sobretudo, fazer campanhas sem depender
tanto do poderio econômico, utilizando recursos transparentes e baratos, ou
ainda gratuitos, como é o caso das redes sociais que podem ser utilizadas como
meio de contato com os eleitores e para divulgação de informações pertinentes a
projetos e à campanha como um todo. Aliás, em pequena escala, mas demonstrando certo
começo, essa estratégia foi utilizada na campanha de Barack Obama à presidência
dos EUA e vem sendo utilizada, embora a marchas iniciais, no Brasil.
Essa seria uma alternativa potencial para a
modernização do processo eleitoral juntamente com a escolha do financiamento
público de campanha. Ressalva-se que o financiamento público de campanhas não necessariamente é a melhor alternativa para o contexto arcaico
apresentado, isto é, para impedir práticas ilícitas e corruptas de se chegar ao
poder por meio da vantagem econômica. No entanto, contribui para a maior
equidade do processo eleitoral, além de alavancar a transparência e a
responsabilidade perante os eleitores e tornar o processo eleitoral mais ligado
aos princípios democráticos e não mercadológicos, no qual domina o processo
quem detém mais recursos.
* Texto produzido pelos acadêmicos Camila Herzmann Corrêa e Ricardo Marques Duarte no contexto da disciplina Sistemas de Accountability, ministrada pela Profa. Paula Chies Schommer, no curso de graduação em Administração Pública da Udesc/Esag.
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