No ano em que comemoraria 100 anos, Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982) recebe homenagens por todo o país.
Guerreiro Ramos é reconhecidamente um dos principais teóricos do pensamento social do século XX no Brasil. Seus trabalhos contribuíram significativamente para os campos da sociologia, administração e antropologia, em especial e de modo pioneiro e original sobre os estudos de relações raciais.
Guerreiro Ramos formou-se em 1942 em Ciências na Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro. No ano seguinte formou-se também pela Faculdade de Direito. Foi professor por seis anos no Departamento Nacional da Criança a partir de 1944, de onde conquistou projeção internacional por suas publicações. A partir de 1949 atuou em várias frentes: tornou-se ativista do Teatro Experimental Negro, assessorou o presidente Getúlio Vargas em seu segundo mandato, participou dos grupos que fundaram a Escola Brasileira de Administração Pública e do Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (IBESP) e do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), onde foi diretor até 1958. Em 1961, Guerreiro Ramos participou da Comissão de Assuntos Econômicos junto à Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1962 elegeu-se suplente a deputado federal pelo Estado da Guanabara, assumindo a cadeira entre agosto de 1963 e abril de 1964, quando foi cassado pelo Ato Institucional n. 1.
No exílio, Guerreiro Ramos lecionou na Universidade do Sul da Califórnia, na Yale University e na Wesleyan University. Quando retornou ao Brasil, após a anistia, ministrou cursos como professor visitante, entre outros, na Universidade Federal de Santa Catarina, particularmente no Programa de Pós-Graduação em Administração, e na Escola Brasileira de Administração Pública da FGV.
Faleceu em 1982, aos 67 anos, nos Estados Unidos.
2015: o ano do centenário
O Departamento de Antropologia e Sociologia e Núcleo de Estudos de Identidades e Relações Interétnicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promoveu o Seminário em comemoração ao centenário do nascimento do sociólogo e político brasileiro e professor da UFSC, no dia 11 de setembro, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação em Santa Catarina (Fapesc). O evento convocou especialistas da UFSC, da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), do Brasil e dos Estados Unidos para debater e homenagear o intelectual. O propósito foi aprofundar o debate em torno de seu legado, revisitando sua biografia e sua vasta obra, e resgatar a memória de sua atuação em Santa Catarina. Uma das palestras proferidas foi com o tema Administração Pública e modernização, com a participação dos professores Francisco Gabriel Heidemann, prof. AP. Administração UFSC e UDESC, José Francisco Salm, prof. AP. administração da UDESC e atualmente na Uninter, e Ariston Azevedo Mendes, prof. Administração da UFRGS.
O Conselho Universitário da UFSC concedeu o título de doutor honoris causa em caráter póstumo ao sociólogo Alberto Guerreiro Ramos.
No dia 10 de setembro, em celebração ao centenário, a Fundação Getulio Vargas (FGV e a University of Southern California (USC) realizaram o Seminário “Pioneirismo e Atualidade na Obra de Alberto Guerreiro Ramos”, que reuniu estudiosos do Pensamento Social Brasileiro que têm seu legado como fonte inspiradora para contemporaneidade política, sociológica e pública.
O evento teve duas mesas principais de debate, nas quais foram tratadas as temáticas da Sociologia, Periferia e Teoria Pós-Colonial e Teoria Crítica e Política Econômica. O resgate e a discussão, à luz da intelectualidade guerreirista, refletiu sobre a premência no entendimento dos fatos e dos fenômenos correntes. Contou com a participação especial do ex-ministro e professor da FGV/EESP, Luiz Carlos Bresser Pereira.
Por fim, o Cadernos EBAPE.BR, periódico online com foco na área de Administração, patrocinado pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas, lançou a Edição Especial (2015) - O centenário de Guerreiro Ramos com editorial de Fernando Tenório e artigos de João Marcelo E. Maia, Gaylord George Candler, Marcos Chor Maio, Américo Freire e osé Francisco Salm.
A edição especial está disponível na página: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/cadernosebape/issue/view/2811/showToc
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