Este é um livro ousado, pois apresenta o ponto de vista de uma administradora sobre uma temática tipicamente, mas não exclusivamente, desenvolvida por psicólogos: orientação para a aposentadoria e capacitação na idade madura. Possui uma linguagem acessível e menciona autores conceituados na área como: Forteza, 1980; Schein, 1982; Martim-Baró, 1985; Zanelli e Silva, 1996; Neri 1993; Santos, 1990; França, 1992; Moragas,1998; França, 2008; Zanelli, Silva e Soares, 2010, dentre outros. Não há a pretensão de esgotar o assunto, espera-se contribuir para a reflexão sobre o tema. De acordo com França e Vaughan (2008) ainda são poucas as pesquisas sobre as atitudes dos trabalhadores ante a aposentadoria, seus preditores, mitos e preconceitos. O livro relata a experiência da autora quando da elaboração de seu mestrado, sobre programas de preparação para a aposentadoria e, atualmente, como coordenadora de um projeto de extensão universitária que tem como objetivo a capacitação de pessoas em idade madura. Para ilustrar as possíveis vivencias da aposentadoria apresenta-se um estudo de caso.
O tema do livro é fascinante e perpassa nossa vida de diversas formas, seja quando os pais se aposentam e vivenciam o momento de transição para a aposentadoria, seja quando observamos os colegas de trabalho vivenciando esta experiência, seja quando dedicados à vida profissional deixamos em segundo plano a família, as relações sociais, a vida pessoal e incorremos em um comportamento que pode nos levar a uma vivência de crise na aposentadoria, pela centralidade do papel do trabalho.
A reflexão sobre a idade madura, velhice, aposentadoria é atual e relevante, pois o Brasil segue a tendência mundial de envelhecimento da população. Está ocorrendo uma inversão da pirâmide etária, com redução da população de crianças e jovens e o aumento da população adulta e idosa. No período de 1999 a 2009, o peso relativo dos idosos (60 anos ou mais de idade) no conjunto da população passou de 9,1% para 11,3% (17,9 milhões de idosos), e as projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE indicam que em 2050 o Brasil terá 64 milhões de idosos.
Esse cenário traz importantes consequências para o mercado de trabalho, para o sistema previdenciário e para os próprios indivíduos que irão aposentar-se. De acordo com Parraguez (2009), o envelhecimento demográfico não só resulta em mudanças na estrutura populacional, como também modifica a estrutura da população ativa, com repercussões no mercado de trabalho. São necessárias políticas públicas de saúde, de inclusão social, dentre outras para esse segmento da população, bem como orientação para a aposentadoria, com a discussão de temas relacionados à saúde física e mental, empreendedorismo, relações interpessoais, formação de novos grupos de suporte social etc.
Pois, o trabalho possui grande importância no desenvolvimento do indivíduo, como marco de referência para a organização de sua vida pessoal e social, ao proporcionar o estabelecimento de relações interpessoais, definir a estruturação do tempo dedicado ao lazer e gerar meios para que possa cumprir todos os demais papéis sociais (Forteza, 1980; Martim-Baró, 1985; Santos, 1990; França, 1992; Soares et al., 2010). As pessoas, em função do significado que representam suas ocupações, têm expectativas diferentes em relação à aposentadoria.